quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um documentário bastante original e, mesmo que não apresente respostas definitivas ao problema da obesidade, é muito interessante.

Nunca os documentários estiveram tão em voga, tanto no Brasil quanto no resto do mundo. Várias produções estão ganhando cada vez mais projeção. Mérito de Michael Moore, que com sua forma de fazer cinema conseguiu atingir um público que até então rejeitava este tipo de filme. Morgan Spurlock (que até então era um desconhecido; só tinha trabalhado na televisão e sido assistente de produção no ótimo “O Profissional”) teve uma idéia ousada que resolveu colocar em prática: quais seriam as conseqüências ao se fazer, por trinta dias, uma dieta composta somente por produtos vendidos na rede de lanchonetes McDonald’s?

Spurlock resolveu ele próprio ser a cobaia desta experiência bizarra e perigosa, que se tornaria seu documentário de sucesso e de grande repercussão – ganhou o prêmio de documentário no Festival de Sundance, além de ter feito uma boa carreira comercial nos Estados Unidos e no resto do mundo (custou cerca de 300 mil dólares e arrecadou, somente em solo norte-americano, algo em torno de 12 milhões).

O ponto de partida criativo de Spurlock foi o processo que duas adolescentes americanas abriram contra a McDonald’s. A alegação das duas garotas é que elas estavam obesas por causa dos lanches vendidos nesta cadeia (durante o filme sabemos o resultado deste processo). É uma acusação altamente discutível, pois não há indícios que lanches fast-food sejam viciantes, mas Spurlock resolveu seguir em seu “experimento”, mesmo com a desaprovação de sua namorada, uma cozinheira de comida vegetariana! Spurlock come o Big Mac que o diabo amassou ao ter seu fígado quase destruído ao final dos trinta dias (algo que nem os médicos que o acompanharam durante esta empreitada esperavam), além dos problemas mais óbvios que surgiram, como o enorme aumento de peso e também a elevação de sua taxa de colesterol.

Sua linha narrativa principal acompanha o quão tortuoso foi para ele seguir a tal dieta: Spurlock fica constantemente debilitado (muitas vezes ele chega a vomitar em cena – algo que não é uma das coisas mais agradáveis de se ver em um filme). Mas outras linhas são apresentadas, como aquela em que Spurlock mostra como escolas americanas apresentam em seus cardápios estes tipos de comida; ou quando mostra que Ronald McDonald (o palhaço símbolo do restaurante) pode ser mais conhecido que Jesus Cristo, no episódio mais inspirado do filme.

Spurlock sempre deixa claro que não está ali, submetido a todo esse processo, para provar alguma coisa ou querer modificar os hábitos alimentares de alguém. Ele parece, a todo o momento, estar apenas brincando, e de uma forma ou de outra, apresentando os malefícios que este tipo de comida pode trazer. Não chega a ser um trabalho excepcional, mas Morgan é simpático e faz seu trabalho direitinho. E, ao final, ele já conseguiu uma façanha: o McDonald´s retirou de suas lojas os produtos “super size” (os de maior tamanho).

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